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Utilizando Resinas Compostas


Vida simples, eu acredito que essa será a expressão que precisaremos prestar mais atenção nos próximos anos. Tenho percebido que a quantidade de informação tecnológica e intelectual produzida atualmente tanto na odontologia quanto em outras áreas tem sido tão grande que tem gerado frustração e ansiedade nas pessoas. Neste sentido é absolutamente impossível acompanhar tudo, ler todos os livros que são lançados, saber o nome e as propriedades de todos os novos materiais que chegam às prateleiras das dentais, ler todos os artigos publicados ou ser especialista em todas as áreas. Escolha uma área e se aprofunde nela, assim é mais facial acompanhar pelo menos parte de todo o desenvolvimento que temos presenciado nos últimos tempos. Eu acredito que os procedimentos mais simples e com extrema qualidade será “a bola da vez”. As pessoas querem soluções rápidas, simples e com qualidade.

Existe um padrão descoberto a mais de cem anos, mais especificamente em 1897 pelo economista italiano Vilfredo Paretto (1848-1923). A chamada regra de Paretto, diz que: “80% dos nossos resultados obtidos correspondem a apenas 20% dos nossos esforços. Ou seja, precisamos incrementar e potencializar os 20% que nos dará os 80% dos resultados. O chamado “dia-a-dia do consultório”, pelo menos no meu caso, é o que me rende 80% dos meus resultados. E no seu consultório? Acredito que as resinas compostas tornaram-se o dia-a-dia e tem um papel importante nos seus resultados também, não é mesmo? Meu foco está cada vez mais em me aperfeiçoar na transformação de casos mais complexos em soluções mais simples (nem sempre isso é possível), porém qualquer que seja o procedimento procuro executa-los com o máximo esmero pois aí pode estar o diferencial. Desta maneira consigo gerenciar melhor minha vida profissional, fazendo o que eu realmente gosto.

As resinas compostas em dentes posteriores especialmente as de classe I, podem ser erroneamente classificadas com fáceis e muito rápidas de serem executadas. Por esse motivo, em alguns casos, a negligência de passos restauradores necessários são os principais causadores de sensibilidade pós-operatória, impacção alimentar, descoloração, contatos prematuros e infiltrações marginais.

Abaixo listo alguns problemas e os possíveis cuidados que podem ser executados pelo clínico para minimiza-los.

Problema:
Sensibilidade pós-operatória.

Como Minimizar:

* Controle a contração de polimerização por meio da inserção incremental respeitando o Fator C de configuração cavitária.
* Utilize corretamente os sistemas adesivos hidrofílicos de acordo com as instruções do fabricante.
* Refrigeração deve estar adequada na alta-rotação.
* Fontes luminosas com potência satisfatória para polimerização completa das resinas e adesivos. Testar com radiômetro.
* As cavidades devem ter ângulos internos arredondados, isto diminui o estresse de contração.
* Em cavidades profundas utilização de um cimento de ionômero de vidro.
* Utilizar agentes para limpeza da cavidade como Clorhexidina a 2% ou utilize um condicionador com agentes anti-microbianos na composição (Gel Ácido Maquira, Brasil).

Infiltração marginal:

* Não secar demasiadamente a dentina após condicionamento ácido.
* Seringa tríplice deve estar livre de gotículas de água e impurezas.
Não utilizar hidróxido de cálcio como forrador ou deixa-lo em contato com a resina
* Nunca aplicar a resina em um único incremento principalmente em cavidades de classe I. Mesmo se for resinas “condensáveis”.
* Apos a aplicação do adesivo (primer), evapore o solvente com um leve jato de ar por pelo menos 30s.
* Isolamento absoluto do campo operatório é primordial em dentes posteriores.
* Não deixe resina “Flow” exposta ao meio bucal.

Contatos prematuros:

* Verifique a oclusão antes e depois da restauração.

Impacção alimentr:

* Reproduza sempre o ponto de contato.
* Utilize matrizes pré-contornadas (Unimatrix TDV, Brasil),
* Utilize instrumentos para formar ponto de contato (Contact + TDV, Brasil),
* Utilize cunhas.

Descoloração:

* Um bom acabamento e polimento devem ser executados para evitar rugosidade ocasionando depósito de placa.
* Não deixar hidróxido de cálcio em contato com adesivo ou resina dentro da cavidade.

Extrusão do antagonista:

* Execute a anatomia correta através de uma boa escultura com espátulas e pincéis adequados. Verifique os contatos em M.I.H, lateralidade e protrusão.

Cor e forma:

* Verifique a cor do esmalte mas também a cor da dentina. Utilize a técnica de estratificação natural mostrada neste artigo.
* Utilize uma sonda para escultura dos lóbulos.
* Aqui é importante separar bem, as resinas para dentina em espessura adequada e resina para esmalte e transparentes, também com devida espessura adequada.

Desgaste, fratura e fadiga:

* Nunca utilize uma resina de micropartículas para oclusal de dentes posteriores.
* Não deixe resina “Flow” ou Ionômero em contato funcional com o antagonista.
* Não deixe espessuras muito finas de compósito na mesa oclusal em contato funcional.
* Não deixe a área de encontro do cavo superficial com o compósito em contato com a cúspide do dente antagonista (efeito cunha).

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